sábado, 12 de dezembro de 2009

Sem exceções - C.S. Lewis



NO QUE diz respeito aos meus próprios pecados, é bastante segura (ainda que incerta) a aposta de que minhas desculpas não são tão boas quanto eu imagino. Por isso temos que começar por prestar atenção a tudo que possa mostrar que o outro não merece tanta censura quanto nós achávamos. Mas mesmo se ele se mostrar absolutamente culpado, continuamos tendo de perdoá-lo; e ainda que noventa e nove por cento da sua culpa aparente possa ser explicada por desculpas realmente convincente, o problema do perdão começa com aquele que um por cento de culpa que ainda resta. Desculpar o que pode realmente ter uma boa desculpa não é caridade cristã, é apenas justiça. Ser cristão significa  perdoar o indesculpável, porque Deus perdoou o indesculpável em você.

Isso é duro.Talvez não seja tão quanto perdoar uma única, porém, grande injúria. Mas como seríamos capazes de perdoar as persistentes provocações do cotidiano (persistir em perdoar a sogra mandona, o marido tirano, a esposa implicante, a filha egoísta e o filho salafrário)? Só mesmo, acredito eu, colocando-nois no nosso lugar, dizendo sinceramente o conteúdo das nossas orações noturnas: "Perdoa os nossos pecados, assim como nós perdoamos os nossos devedores". O perdão não nos é oferecido em nenhum outro termo. Recusá-lo significa recusar a graça de Deus para nós mesmo. Não há indícios de exceções, e Deus sabe bem do que está falando.

- de The Weight of Glory (Peso de Glória)

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