quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma espada nas mãos de Deus - C.S. Lewis (adaptada)


Lewis lamenta a morte se sua esposa, Joy

O LOUVOR é uma forma de amor que sempre traz em si um elemento de alegria. Louve na ordem certa; a ele, como o doador, e a ela, como o presente. No louvor nos alegramos, se alguma form, com a coisa que estamos louvando, não importa o quão longe estejamos dela, certo? Eu iria até mais longe. A alegria que eu tinha em N. me foi tirada. E estou bem longe, muito longe no vale das minhas diferenças, daquele gozo que um dia eu espero ter em Deus se suas misericórdias forem infinitas para comigo. Mas louvando, eu posso ainda, até certo ponto, alegrar-me nele. Isso é melhor do que nada.

Talvez eu tenha perdido o presente. Reconheço que comparei N. a uma espada. Isso é verdade, até certo ponto. Contudo é, em última instância, pouco apropriado em si mesmo, e pode redundar no engano. Eu deveria ter sido mais equilibrado. Na verdade, eu deveria ter acrescentado: "Mas ela também é como um jardim. Como um conjunto de jardins suspensos, com paredes, umas dentro das outras, com arbustos emaranhados, cheios de fragrâncias de vida fértil, quanto mais você penetra neles".

Então, só o que me resta é louvá-la e a todas as coisas criadas, por assim dizer "de alguma forma, da sua forma específicam como àquele que a fez".

E assim por diante, do jardim ao Jardineiro, da espada ao Ferreiro, devo louvar a vida doadora de vida e beleza que torna tudo belo.

"Ela está nas mãos de Deus." Essa idéia renova minhas energias quando penso nela como uma espada. Talvez a vida que eu compartilhei com ela neste mundo não tenha sido nada mais do que parte do processo de temperá-la. Agora, quem sabe, ela desembainhe a espada; pese sua arma nova; recorte o ar com ela - "a verdadeira espada de Jerusalém".

- de Grief Observed (Face a Face com o Luto)

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